segunda-feira, 14 de julho de 2008

Notícias de duas faces de um mesmo Brasil

Hoje quero falar sobre duas histórias, notícias divulgadas em jornais, revistas e noticiários de TV de todo o país. Elas não se contrapõem, apenas mostram duas faces do nosso mesmo Brasil. Uma dela nos choca, revolta, amedronta. Outra nos faz acreditar, ver o quanto a solução pro Brasil é mesmo a educação. E que vale a pena estudar.
Vamos lá então:

Rio de Janeiro/RJ - Semana passada, uma criança de 3 anos foi morta por policiais que alvejaram de tiros o carro em que este inocente estava com sua mãe e um irmão de 8 ou 9 meses. Os 'homens da lei' perseguiam bandidos num carro e teriam confundido o da mãe com sua família com o guiado pelos marginais. Sem averiguar e sem perguntar nada, fizeram do carro seu alvo. Atiraram primeiro pra ver a desgraça depois. Primeiro alegaram que o carro estava na linha de tiro. Mas a perícia, testemunhas e a própria mulher já provaram a farsa dos policiais. Já estão presos, espera-se sejam julgados, governo pede desculpas, mas.... já está feito né? Nada vai trazer o menino de volta... O que se pode esperar é que conforme prometido, os policiais passem a ser melhor treinados. Pq muito do que vem acontecendo é fruto de uma polícia despreparada, profissional e psicologicamente. Todo mundo já sabe disso, e isso tá assim há muito tempo, mas aqui se esperam as desgraças para depois tomar providências (ou não). Hoje vi no noticiário que caso semelhante aconteceu neste final de semana, no Paraná. Uma jovem foi morta, em situação igual.

Rafaeli e um amigo voltavam de uma festa de formatura quando o veículo da polícia bateu de frente com o carro deles. Os PMs atiraram.

O amigo dela, o estudante Diogo Schuhli, contou como tudo aconteceu: “No momento em que eles pararam e eu me dei conta da batida, escutei os disparos. O policial primeiro falou: ‘desce, desce!’, e eu desci do carro. Aí ele falou: ‘deita, deita, senão vai levar’. Minha primeira atitude foi deitar no chão, eu me identifiquei. Acho que ele viu que a placa do carro era da cidade, daí ele abriu a porta do carro e viu o que tinha acontecido. Perceberam que ela estava inconsciente no banco”.

Os dois policiais estão presos. Em nota oficial, a secretaria de Segurança Pública do Paraná reconheceu a ação desastrosa dos dois agentes. A nota explicou também que o carro dos estudantes foi confundido com outro, perseguido pela Polícia Militar. O carro dos policiais estava na contramão.

Quantos mais terão que ser vítimas da violência para que se mudem as leis, para que se puna com o devido rigor, para que a polícia seja confiável e faça seu papel de proteger a sociedade? Hoje vivemos sem saber em quem confiar menos, na polícia ou no bandido. Eu entendo perfeitamente que a polícia também viva acuada, e em blitz atire primeiro pra perguntar depois. Mas eles só podem atirar quando realmente estão em situação de risco, tendo suas vidas ameaçadas. E, num momento assim, devem ter sangue frio e capacidade pra saber atirar de forma não letal, apenas imobilizar o suposto "bandido". Nunca fiz curso de segurança, nunca fui policial, nem quero. Minhas experiências vendo filmes policiais não me ensinaram isso. É apenas uma questão de raciocínio. E é sobre saber usar a mente a seu próprio favor que a outra matéria mostra.

Recife/Pe - Este é um exemplo incrível de esforço e determinação: um ex-morador de rua do Recife realizou o sonho de muitos jovens no Brasil e passou num concurso público.

Durante 12 anos, ele viveu com apenas R$ 2 por dia. Para matar a fome, tomava café e água numa biblioteca – e foi lá que descobriu a importância do estudo e da leitura. Ubirajara já passou em cinco concursos e nesta segunda-feira tomou posse no tão merecido emprego que escolheu.

De cabelo cortado, banho tomado e roupas limpas, Ubirajara está quase irreconhecível para quem o conheceu alguns meses atrás. Ele também engordou 11 quilos.

A mudança não foi só na aparência, mas na vida. Ubirajara Gomes, de 27 anos, é personagem de uma história de transformação. “Eu sempre tive fé. Sempre achei que alguma coisa aconteceria, mas não tudo isso”, conta o rapaz.

Morador de rua durante 12 anos, Ubirajara passou num concurso público e há cerca de um mês foi acolhido por uma família, no Recife. “Eu estou feliz porque agora ele vai caminhar com as próprias pernas agora. Ele não vai mais precisar da ajuda de ninguém e não vai passar mais fome”, diz, contente, Carlos Eduardo Monteiro, que é amigo de Ubirajara.

“Eu acho que eu ganhei irmãos, ganhei uma família”, define Ubirajara. Além de nova família, ele ganhou um novo futuro, conquistado por esforço próprio. Ubirajara foi aprovado num concurso e vai ser escriturário do Banco do Brasil.

Os dias em que perambulava e dormia nas ruas do Recife hoje são apenas lembranças de tempos difíceis. Ele dormia embaixo de um pé de manga e usava um banco do parque como armário. “Tinha dias em que eu não me alimentava, já cheguei a passar 30 dias sem comer e uns 15 sem tomar banho”, conta.

A história de superação de Ubirajara ficou conhecida, e em seu bairro chama a atenção por onde passa. Os vizinhos e os taxistas da região já tinham se acostumado com aquele morador de rua que passava as horas lendo tudo o que chegava em suas mãos; diariamente, ele se refugiava numa biblioteca.

Ubirajara sempre estudou sozinho, e foi assim que conquistou a façanha de superar 19 mil concorrentes em todo país. “Era minha única saída, porque sabia que não tinha condição nenhuma para outros tipos de trabalho. Então eu disse: ‘tenho que estudar’”, diz o rapaz.

Agora, as dificuldades estão cada vez mais no passado. Pela primeira vez, Ubirajara se sente um cidadão, com trabalho e carteira assinada.

Dentro do prédio que antes só avistava da rua, o novo funcionário recebeu as boas vindas dos colegas. Nesta segunda-feira à tarde, começa o primeiro expediente de uma nova vida.

O que eu posso dizer? Fé, perseverança, dedicação são o caminho da vitória. Às vezes a gente se desillude quando não consegue conquistar aquilo que almeja. Eu, nessa minha vida de concurseira sei bem como o desânimo chega quando o resultado não é bom. Tem um bando de gente que fala das faltas de oportunidades, mas quem quer chega lá. Não sei o que levou esse cara a mendicância, mas ele podia ter ficado como tantos apenas sobrevivendo de esmolas, com roubo, ir prum abrigo ou se encher de drogas e bebidas. Mas não, se dedicou ao estudo. Às vezes fico até pensando: "poxa, será que vale a pena estudar? Nego estuda, se forma e grande parte não consegue emprego na área, quando consegue o salário não compensa, enquanto isso o país de bundas ganha milhões." Mas ai a gente se depara com um exemplo desses, e vê que a batalha vale a pena. Esse cara merece parabéns, e muitas outras vitórias, que com certeza vai conseguir alcançar.


Nenhum comentário: