terça-feira, 23 de março de 2010

A dor e o prazer de amamentar

Já se passaram cinco meses (meu Deus como o tempo voa!) e hoje já não penso tanto em nunca mais passar por gravidez, parto. Já cogito uma possibilidade de um irmão/ã pro Arthur futuramente... hihihi! Mas bom, hoje quero falar sobre a amamentação.
Nos momentos de mais profunda dor, onde cada mamada fazia eu me contorcer de dor e em lágrimas sem fim, tudo q se falou sobre amamentação pra mim parecia mentira. Mas não é, gente, não é!!! Só tinha uma coisa muito certa em mim, não queria desistir!!!
Primeiro ponto que me pegou foi eu não ter o bico do seio formadinho, como muita mulher. Teve enfermeira e médica no hospital q disse q eu tinha q ter usado uma concha pra formar o bico durante a gravidez; teve dizendo q era mais dificil sem bico ;e teve minha médica sozinha dizendo q isso não tinha nada a ver, q não fazia a menor diferença ter o bico ou não. No início achei q só ela estava errada, mas ela era a única certa. Usei a tal concha, (na maternidade), e era mais uma chatice q uma ajuda. E durante dois meses usei um bico de silicone q foi o q meu grande parceiro, até o dia q notei q não precisava mais dele.
É estranhíssimo quando o bebê vem mamar pela primeira vez. Ao mesmo tempo em que me sentia importante, essencial, era uma sensação estranha, que vinha acompanhada do turbilhão de novidades daquele momento. E era tanta enfermeira/médica vindo tentando ajudar, pra orientar, que confundia mais que ajudava (e desagradável aquele monte de mulher pegando em mim, rss). Quando saí da maternidade meu leite já estava começando a descer, até cedo, segundo a enfermeira chefe, e eu já comecei a imaginar a dor que viria a sentir por tudo que ela falou e recomendou fazer ao chegar em casa. Depois veio um pouco de dor, que aumentou quando o leite realmente começou a descer e empedrar, já em casa. Foi o primeiro passo da dor. E não sei o q teria sido de mim se não fossem as bolsas de água fria (ou gelo mesmo) e as massagens q meu marido fazia. Depois aprendi q tirar com a bombinha ajudava, mas q estava fazendo na hora errada, e esse problema começou a ser resolvido. Os passos são o seguinte: bolsa de água morna pra ter leite; bebê mama, põe bolsa de água fria e se tiver leite ainda empredrando faz massagem e tira com bombinha. (o quente estimula a produção, o frio dá uma freada)
Ah, no hospital o bebê parecia não querer mamar, e todo mundo só insistia q eu tinha q forçar. Sabia q ele não estava com fome, q tinha uma reserva no organismo, mas até q uma médica ou enfermeira (não lembro mais quem foi), explicou q era primordial o bebê sugar naqueles primeiros momentos, tanto pra pegar o colostro como para se adaptar ao suga suga (rss). Não sei se foi consequencia disso, mas ao contrário de muita gente eu consegui amamentar...
Passado o período inicial dos empedramentos, continuava eu sentindo muita dor cada vez que dava de mamar em um dos seios. Só em um. Cada pediatra q fui, e minha própria obstetra, só diziam q não doía, passava remédio pra rachadura (q foi um mal q não tive); falavam q era dificuldade por pega (mas a pega estava certa), falavam q é pq naquele o bico era mais inexistente ainda, etc etc. e a dor persistia. Até q um dia era tão forte q fui numa emergência. Tinha uma inflamação (o médico cogitou até ser mastite, q depois descobri q não era), tomei remédios e durante uma semana tive q tirar o leite com bombinha, pq não suportava q ele sugasse ali, só mamava no outro. Passada a dor eu continuava com medo dele sugar, mas venci e um dia ele mamou. Ainda doía um pouco, e eu não me conformava. Achei uma comunidade no orkut com um fórum muito bom (Grupo Virtual de Amamentação, recomendo) e segui algumas dicas pra tentar resolver meu problema. Descobri que os bancos de leite dão uma ajuda muito boa e resolvi ir a um. Tinha descoberto que meu problema era um entupimento no duto mamário e uma idéia era desentupir com uma agulha. E lá fui eu. Super amedrontada, mas fiz e foi o que me salvou. Meu plano era tentar, se doesse ia parar e no dia seguinte procurar o banco de leite. Mas o procedimento não doeu. Saiu como se fosse uma casquinha, o leite jorrou e dali em diante parou a dor, pra sempre. Ah se eu tivesse descoberto isso antes. Ia evitar tanto sofrimento...


Outro fato sobre amamentar. Desde o início Arthur mamava quase que ininterruptamente. Não dava tempo nem pra ir ao banheiro q ele já chorava com fome. E isso foi um tal de médico dizer q ele fazia "de chupeta", que ele não mamava o tempo todo, que dormia no peito. E leigos dizendo q meu leite era insuficiente, fraco. Eu sofria com isso, não queria deixar de amamentar. Cheguei até a dar complemento. E chorava cada vez que tinha que fazer isso. Mas era 1 mamadeira por dia, e foi só durante 3 semanas. Também através desse fórum descobri que esse mamar incessante tinha a ver com picos de crescimento, ou q o bebê no início ainda não tem muita força pra sugar. E depois do perrengue do seio "entupido", rss.. acredito q isso tb tivesse a ver. Fato é q chegou um momento em que ele deu uma boa freada, e agora as vezes eu até sinto falta dele mamar mais tempo e com uma frequencia maior. (Doida!)
Eu sei é que ele mama só no peito e está bem gordinho e saudável...
Agora sobre como larguei o biquinho de silicone. Ele foi meu melhor amigo no início da amamentação. Falava que podia perder até a chave de casa, mas ele não. Eu não conseguia q o Arthur mamasse se não fosse com o bico. E aí teve médico dizendo q aquilo faria meu leite ser pouco, acabar antes da hora, entre outras neuroses. Eu até gostava pq através dele eu via quando tinha leite saindo. Nem sonhava q chegaria o dia q não ia mais precisar dele. Até que um dia, como vez por outra acontecia, ele saiu do lugar enquanto Arthur mamava. Eu estava bebendo agua e no meio tempo enquanto fechava a garrafinha para poder repor o bico no lugar, ele pegou e mamou sem. Nem preciso dizer q na mesma hora a emoçao tomou conta de mim. Fiquei muito feliz, muito mesmo.... Eu até já tinha tentado dar sem, ele pegava no início mas depois não conseguia, ficava nervoso e lá ia eu com meu ajudante. Depois desse dia, durante uma semana, as vezes eu ainda usava meu auxiliar, mas depois ele voltou pra caixinha,vai ficar guardado de recordação... huahuah
Ah, essa coisa do bico de silicone e da concha vão de pessoa a pessoa. Uma amiga se adaptou bem a concha e quando usou o bico de silicone teve até sangramento. Tem gente que tem as temíveis rachaduras e tem gente que vai tranquilo e perfeito desde o início (por tudo que li é raro, mas tem). E tem gente q simplesmente desiste ante as dificuldades.
Mais uma coisa. Tem muita simpatia para produzir leite que vai passando gerações . Tudo balela. Como li num site, pode ser até que dê certo pela fé, mas não tem embazamento nenhum. O que é certo mesmo é incentivar muito que o bebê sugue (e aí é ficar mesmo com ele pendurado o tempo todo no peito, por mais q isso canse, por mais que pareça que tem algo errado). E beber muito líquido. No meu caso foi/é muita água mesmo. Ah, não sei se o papo de que se vc dá mamadeira e chupeta logo no inicio atrapalha, faz o bebê rejeitar o peito, mas faz sentido, já que na mamadeira é mais fácil.
Tenho minhas dúvidas quanto aos propagados benefícios do parto normal, mas da amamentação tb são muitos e pelo menos um eu já vi. Eu emagreci 5 kg além do ganho na gravidez depois do parto.
Essa está sendo minha mágica experiência com amamentação. Os trancos e barrancos do início, e a redenção depois. Acho que no próximo mês meu pequeno vai começar a fase de papinhas e suquinhos, mas pretendo continuar amamentando enquanto conseguir. Sei que os benefícios do lete materno são muitos, e me sinto orgulhosa e satisfeita por ter vencido todas as dificuldades, ter sido persistente e teimosa e ter chegado lá. Ninguém antes na minha família tinha conseguido amamentar (acho q muito por falta da orientação que eu tive). É bom demais a sensação de alimentar um filho. É bom demais quando ele sai do peito dormindo, satisfeito. Ou pára de repente e me dá o sorriso mais lindo que uma mãe pode receber. É o mais próximo contato que posso estabelecer com meu anjo, depois da estadia na barriga. Viva a amamentação! Me faz sentir ainda mais mãe....

Antes de ser mãe....

Como tá difícil sentar na frente do micro e escrever. A causa é extremamente válida, mas fico com medo de passar muito tempo e eu esquecer os detalhes q preciso deixar registrado aqui. Olha q texto perfeito q encontrei...

Antes de ser mãe eu fazia e comia os alimentos ainda quentes.
Eu não tinha roupas manchadas.
Eu tinha calmas conversas ao telefone.

Antes de ser mãe eu dormia o quanto eu queria
e nunca me preocupava com a hora de ir para a cama.
Eu não me esquecia de escovar os cabelos e os dentes.

Antes de ser mãe eu limpava minha casa todo dia.
Eu não tropeçava em brinquedos nem pensava em canções de ninar.

Antes de ser mãe eu não me preocupava
se minhas plantas eram venenosas ou não.
Imunizações e vacinas eram coisas em que eu não pensava.

Antes de ser mãe ninguém vomitou nem fez xixi em mim,
nem me beliscou sem nenhum cuidado,
com dedinhos de unhas finas.

Antes de ser mãe eu tinha controle sobre a minha mente,
meus pensamentos, meu corpo e meus sentimentos.
... eu dormia a noite toda ...

Antes de ser mãe eu nunca tive que segurar uma criança chorando
para que médicos pudessem fazer testes ou aplicar injeções.
Eu nunca chorei olhando pequeninos olhos que choravam.
Eu nunca fiquei gloriosamente feliz com uma simples risadinha.
Eu nunca fiquei sentada horas e horas olhando um bebê dormindo.

Antes de ser mãe eu nunca segurei uma criança só por
não querer afastar meu corpo do dela.
Eu nunca senti meu coração se despedaçar
quando não pude estancar uma dor.
Eu nunca imaginei que uma coisinha tão pequenina pudesse
mudar tanto a minha vida.
Eu nunca imaginei que pudesse amar alguém tanto assim.
Eu não sabia que eu adoraria ser mãe.

Antes de ser mãe eu não conhecia a sensação
de ter meu coração fora do meu próprio corpo.
Eu não conhecia a felicidade de alimentar um bebê faminto.
Eu não conhecia esse laço que existe entre a mãe e a sua criança.
Eu não imaginava que algo tão pequenino pudesse
fazer-me sentir tão importante.

Antes de ser mãe eu nunca me levantei à noite a cada 10 minutos
para me certificar de que tudo estava bem.

Nunca pude imaginar o calor, a alegria, o amor, a dor
e a satisfação de ser uma mãe.

Eu não sabia que era capaz de ter sentimentos tão fortes.

Por tudo e, apesar de tudo, obrigada, Deus ,
por eu ser agora um alguém tão frágil e tão forte ao mesmo tempo.

Obrigada por permitir-me ser Mãe!